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Entre quedas, perguntas e recomeços

  • Foto do escritor: Girlande Oliveira
    Girlande Oliveira
  • 2 de jun.
  • 5 min de leitura

Há um tipo de pergunta que não tem resposta fácil.São aquelas que surgem no silêncio do nosso peito, quando o mundo lá fora continua girando, mas aqui dentro algo desmoronou.São as perguntas que pertencem à vida real — e não aos manuais.

“Por que eu?”“Como vou seguir em frente?”“O que ainda faz sentido para mim?”“Será que um dia vou voltar a ser feliz?”

Essas perguntas não aparecem nos momentos planejados.Elas chegam no meio da rotina, no banho, no trânsito, no fim de um dia cansativo.Ou então, explodem em nós quando a vida nos dá uma rasteira: uma perda, um fim, uma decepção, uma doença, uma mudança inesperada.

E o mais curioso é que, nesses momentos, as perguntas pesam mais que as respostas.


A vida não avisa

Ninguém nos prepara para as perguntas que importam.A escola não ensina, a família nem sempre sabe orientar, os livros oferecem teorias, mas é a vida — crua, inesperada, real — que coloca diante de nós as grandes questões.

Você já reparou que as perguntas que mais nos transformam não aparecem quando está tudo bem?Elas surgem quando algo quebra, quando algo sai do lugar, quando aquilo que dávamos como certo se desfaz.

Foi assim comigo.Em diferentes momentos da minha vida — diante de términos, despedidas, mudanças de cidade, conflitos internos — percebi que as perguntas mais desconfortáveis foram também as que mais me fizeram crescer.Não porque eu tenha encontrado respostas prontas, mas porque precisei me encontrar dentro delas.


O peso de não ter respostas

Vivemos em um tempo que idolatra a solução rápida.Queremos resolver logo, entender logo, superar logo.Mas a vida real não funciona assim.

Às vezes, a gente não sabe.Não sabe como sair da dor.Não sabe para onde ir.Não sabe quem vai se tornar depois do que aconteceu.

E tudo bem.O espaço entre a pergunta e a resposta é um lugar legítimo. É nele que amadurecemos.

Só que, ao invés de acolhermos esse espaço, muitas vezes o vemos como fracasso.Começamos a nos culpar por não termos clareza.Achamos que deveríamos estar mais fortes, mais rápidos, mais resolvidos.Comparamos nosso processo com o dos outros — esquecendo que o que vemos deles é só a superfície.

Então, antes de querer respostas, eu aprendi a respeitar o tempo das perguntas.Elas nos ensinam a olhar, a ouvir, a sentir, a esperar.


As perguntas que valem a pena

A vida real tem suas próprias perguntas.Elas não são sofisticadas nem instagramáveis, mas são as que, no fim do dia, nos constroem.


Algumas que aprendi a acolher:

  • O que eu preciso agora, neste momento?

  • O que minha dor está tentando me dizer?

  • O que posso soltar para sofrer menos?

  • O que quero construir daqui para frente?

  • Como posso cuidar de mim no meio do caos?


Note que essas perguntas não buscam controle.Elas buscam presença.

Não querem resolver tudo de uma vez.Querem trazer você de volta para si.


Quando a dor cala o mundo

Talvez o maior desafio seja quando a dor nos cala.Quando a gente para de perguntar.Quando entramos no automático e deixamos de nos ouvir.

Já vivi esse lugar.Dias em que só queria passar, sobreviver, fazer o mínimo necessário.Dias em que perguntas pareciam luxo e eu mal tinha energia para levantar da cama.

E, mesmo ali, percebi algo essencial:A vida sempre encontra um jeito de nos cutucar.

Às vezes, por meio de um amigo que liga.De um livro que cai nas mãos.De um texto lido no momento certo.De uma música que toca algo adormecido.

Mesmo quando não sabemos por onde começar, a vida nos chama.Ela nos convida a voltar.E a voltar começa pequeno: com perguntas simples, com gestos pequenos, com um sopro de cuidado.


Recomeçar não é sobre ter todas as respostas

Se tem algo que eu gostaria que toda mulher soubesse é que recomeçar não depende de entender tudo.

Depende de dar um passo.

Um só.

Pode ser se permitir chorar.

Pode ser escrever num caderno.

Pode ser falar com alguém de confiança.Pode ser apenas decidir não se abandonar.

A gente não precisa “superar” a dor para seguir.

A gente precisa aprender a caminhar com ela.

Não para sempre — mas o tempo necessário até que ela amacie, se transforme, nos mostre outras cores.


O autoconhecimento como farol

Se eu tivesse que apontar um único recurso para atravessar as questões da vida real, seria o autoconhecimento.

Não falo de um autoconhecimento de manual, cheio de frases prontas.Falo daquele movimento íntimo de se observar, de se escutar, de se perguntar com honestidade:

  • Quem eu estou sendo agora?

  • O que me faz bem de verdade?

  • O que me distancia de mim mesma?

O autoconhecimento não tira a dor.Mas ele nos dá ferramentas para lidar com ela.Nos ajuda a sair do piloto automático.Nos lembra que somos muito mais do que o que estamos vivendo neste momento.


Histórias que inspiram

Ao longo da vida, colecionei histórias minhas e de outras mulheres que atravessaram perdas, rupturas, recomeços.Histórias que me mostram, todos os dias, que somos resilientes de formas que nem imaginamos.

A mulher que, depois de anos num casamento infeliz, decidiu recomeçar sozinha.A mãe que precisou encontrar um novo propósito depois que os filhos saíram de casa.A amiga que enfrentou um luto profundo e, aos poucos, redescobriu pequenas alegrias.Eu mesma, tantas vezes, recomeçando de um jeito que não planejei — mas que me transformou.

Essas histórias são um lembrete: você não está sozinha.A dor que você sente agora já foi sentida por muitas.E a força que você precisa já está aí, mesmo que adormecida.


Dicas práticas para quem está no meio da tempestade

Quero deixar aqui algumas práticas simples, mas preciosas, para quem está atravessando as questões da vida real:

  • Não apresse seu processo.

    Leve o tempo que precisar. O mundo pode esperar.

  • Cuide do básico.

    Coma, durma, movimente-se. O corpo é o primeiro terreno do recomeço.

  • Fale sobre o que sente.

    Com alguém de confiança, num diário, numa terapia. Nomear a dor a torna mais leve.

  • Evite decisões radicais na tempestade.

    Espere a poeira baixar para fazer grandes mudanças.

  • Busque beleza, mesmo pequena.

    Uma planta, um banho demorado, uma música, um céu bonito. Isso alimenta a alma.

  • Peça ajuda.

    Não é fraqueza. É humanidade.


Para levar consigo

A vida real não cabe em frases prontas.

Ela é feita de perguntas que doem, de respostas que demoram, de caminhos que se revelam aos poucos.

Se você está atravessando um desses momentos agora, quero te lembrar:

Você não precisa ter tudo resolvido.Você não precisa ser forte o tempo todo.Você só precisa ser gentil consigo mesma.

As perguntas da vida real nos atravessam, nos remodelam, nos amadurecem.

Elas não vêm para nos destruir — vêm para nos lembrar do que é essencial.

E quando tudo parecer demais, lembre-se:

o primeiro dia depois não é o fim.

É o começo de algo novo.

Com carinho,

Girlande Oliveira

 
 
 

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Girlande Oliveira com fundo inspirador sobre autoconhecimento e superação emocional.
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