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O peso invisível da troca: liberte-se antes da folia

  • Foto do escritor: Girlande Oliveira
    Girlande Oliveira
  • 25 de fev.
  • 3 min de leitura

Há um movimento que nunca para de dançar dentro de nós: a dança entre o dar e o receber. Como uma bateria de escola de samba pulsando sem descanso, essa energia se move, nos convidando a entrar no ritmo. Mas nem sempre conseguimos fluir com leveza. Entre um passo e outro, muitas vezes tropeçamos na sombra do recebimento – aquela sensação incômoda de que, ao aceitar algo, automaticamente nos tornamos devedores.


No calor que antecede o Carnaval, essa dança se intensifica. Em meio ao brilho das fantasias e ao ritmo que embala os corpos, quantas vezes você já aceitou um presente com um sorriso, mas sentiu um aperto no peito? Quantas vezes um elogio sincero lhe pareceu uma armadilha, uma dívida velada? E o dinheiro que entra na conta, a ajuda inesperada, o convite para uma festa – será que tudo isso vem mesmo sem um preço oculto?


Se a folia é a celebração da entrega, então que tal tirar essa fantasia sufocante da cobrança e experimentar a leveza do receber sem culpa?


A ilusão da dívida emocional

Desde cedo aprendemos que tudo deve ser uma troca justa. A cultura da reciprocidade nos ensinou a acreditar que, se recebemos algo, precisamos dar algo de volta – e rápido. Mas será que essa lógica faz sentido?

Se fosse assim, toda criança pequena que recebe amor, cuidados e presentes estaria automaticamente em débito com seus pais. Mas a verdade é que a pureza do recebimento está exatamente na ausência dessa matemática fria.


Carnaval é entrega, mas também é abertura. Se você já se viu desconfortável ao ganhar algo sem poder retribuir na mesma moeda, talvez seja hora de se perguntar: quem colocou essa regra no seu jogo?


O peso da cobrança: quem está realmente exigindo algo?

Muitas vezes, o maior cobrador não está fora de nós, mas dentro. Criamos contratos invisíveis, assumindo que cada presente recebido deve ser quitado com juros emocionais. Mas, se observarmos bem, a cobrança real nem sempre vem do outro – ela nasce das nossas próprias crenças.


E aqui está o grande paradoxo: enquanto nos preocupamos em parecer gratos e justos, deixamos de honrar o fluxo natural da abundância. O universo, assim como um desfile de escola de samba, precisa de um ritmo contínuo. Se seguramos demais o recebimento por medo da cobrança, bloqueamos a roda da prosperidade.


Por isso, pergunte-se: essa dívida que você sente ao receber algo é real ou foi programada em você?


O bloqueio no corpo: o que o Carnaval pode ensinar sobre o receber

Se a culpa e a cobrança criam tensão interna, o corpo é o primeiro a responder. Ombros enrijecidos, respiração curta, aquela sensação de estar sempre em alerta... tudo isso pode ser um sintoma de que você não está permitindo que a energia do recebimento flua naturalmente.


Agora, olhe para o Carnaval: o que o torna tão fascinante? A entrega ao momento. O corpo se solta, a música invade, a fantasia se torna pele. O que aconteceria se você aplicasse essa mesma entrega ao ato de receber?


Ao invés de pesar cada gesto, permita-se sentir o prazer de simplesmente aceitar. Se alguém oferece um drinque, um elogio ou um abraço apertado, receba como um dançarino que aceita a batida do tambor: sem resistência, sem medo, sem tentar prever o que vem depois.


O universo tem sua própria bateria – quando você se permite receber de coração aberto, ele responde na mesma sintonia.


Ritual de liberdade: como desfilar sem carga extra

Se você quer entrar no Carnaval (e na vida) mais leve, experimente um pequeno ritual antes da folia começar:


  1. Escreva todas as coisas que você recebeu recentemente e se sentiu desconfortável por não ter "retribuído" na mesma medida.

  2. Pergunte-se honestamente: a cobrança veio do outro ou foi você quem se colocou nessa posição?

  3. Respire fundo e visualize essas dívidas emocionais dissolvendo-se no ar, como confetes sendo levados pelo vento.

  4. Repita para si mesmo: "Receber é tão natural quanto respirar. Eu aceito a abundância com gratidão e sem culpa."


Para levar consigo

A vida tem seu próprio ritmo, e aprender a receber sem culpa é uma forma de entrar em sintonia com ele. Cada presente, cada gesto de carinho e cada oportunidade que chega até você não são armadilhas, mas sim convites do universo para fluir na dança da abundância.


Neste Carnaval, experimente a leveza de receber sem a necessidade imediata de retribuir. Simplesmente aceite, celebre e sinta-se digno. A troca verdadeira acontece no tempo certo, sem pressão, sem peso e sem culpa.


A avenida está aberta. O desfile da vida já começou. Você vai dançar?

Girlande Oliveira

 
 
 

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Girlande Oliveira com fundo inspirador sobre autoconhecimento e superação emocional.
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