Abrace a ideia de “bom o suficiente”
- Girlande Oliveira
- há 2 dias
- 4 min de leitura
Às vezes, é mais importante concluir uma tarefa de maneira satisfatória do que buscar a perfeição.
Aceite que “feito” é melhor do que “perfeito.”
1. A armadilha da perfeição
Vivemos imersas em uma cultura que idolatra o impecável.A perfeição virou padrão, exigência e, muitas vezes, prisão.
Nos sentimos pressionadas — por nós mesmas e pelos outros — a nunca errar, a sempre entregar o melhor, o ideal.
O problema?
Perfeição é inalcançável.
Uma meta infinita.
E quanto mais tentamos alcançá-la, mais nos distanciamos da realidade — e de nós mesmas.
Exemplo real:
Quantas vezes você teve uma ideia brilhante mas ficou adiando porque não estava perfeita?
Quantos projetos não começaram por medo dos erros?
Quantas noites de sono você já perdeu tentando arrumar mais uma coisinha "importante"?
A perfeição frustra.
Ela paralisa.
Ela rouba o tempo, o prazer, a vida.
2. O peso emocional da busca infindável
A perfeccionista interna te cobra:
— Se não for perfeito, não vale a pena.
E quando falhamos? A culpa, a vergonha, a sensação de inútil dominam.
O que se acumulam são:
angústia,
ansiedade,
baixa autoestima,
e procrastinação — porque fazer algo imperfeito parece pior do que nada.
Em muitos casos, a perfeição se torna fuga:
fugimos da história, da experiência real, do erro – e ficamos mortas, esperando o momento “certo”.
3. “Bom o suficiente” como antídoto
E se disséssemos:
Feito é melhor do que perfeito.
Essa mudança não é só técnica.
É emocional, existencial, libertadora.
Feito atrai feedback, aprendizado, conexão.
Feito gera movimento, experiência, transformação.
Feito é humano.
Feito é real.
Quiçá nesse momento:
você encontra suas verdadeiras capacidades,
constata que não precisava esperar “o momento ideal”,
descobre que é possível sim errar — e ainda assim aprender e continuar.
“Bom o suficiente” não é mediocridade.
É postura consciente de priorização:
— O que importa?
— O que vai me mover adiante?
4. O processo de abraçar “bom o suficiente”
a) Reconhecer a voz da perfeccionista interna
Quando ela surge, respire e pergunte:
— Qual é o resultado esperado?
— Esse nível é essencial?
— Esse tempo vale o benefício real?
b) Definir critérios claros
Decida o que é “bom o suficiente” para cada projeto:
prazo
qualidade
esforço
E compartilhe:
— “Basta que esteja funcional.”
— “Termino hoje com isso pronto.”
c) Celebrar o feito
Finalize.Respire.Reconheça:
— “Concluí.”
— “Está feito.”
— “Valeu o esforço.”
Comemore — mesmo que por dentro, baixo.
Com orgulho.
Com respeito.
d) Revisar periodicamente
Avalie:
o que funcionou?
o que aprender?
onde posso ajustar?
Sem autocobrança excessiva — só aprendizado.
5. Exemplos práticos
1. No trabalho
Você entrega um relatório que resolve o objetivo.
Você envia o e‑mail pedindo feedback.
Você começa outra tarefa.
O relatório não é um MBA — mas é funcional, útil, liberador.
2. Na casa
Aquela parede pode esperar um retoque infinito.
Escolha uma tinta que combine com você hoje.
Ninguém precisa saber que você fez “um bom o suficiente”.
É possível ser acolhedora com o espaço, sem esgotar energia com detalhes.
3. Na maternidade
Seus filhos são suficientes, seu amor é suficiente, seu esgotamento é real.
Se você está viva, atenta e presente, está cumprindo.
Respire fundo:
— Não precisa ser mãe “perfeita”.
— Só precisa ser mãe de verdade.
6. O impacto profundo no bem-estar
Quando você adota “bom o suficiente”:
diminui a ansiedade,
aumenta a sensação de progresso,
vive com mais leveza,
ganha tempo vital,
exercita a gratidão pelo que foi realizado mesmo em imperfeição.
Não se trata apenas de o que fazer — mas de como você vive cada ação.
E, muitas vezes, quanto amor você devolve a si quando deixa o controle ir.
7. A prática contínua
Como cultivar essa postura:
Liste tarefas paradas e conclua-as com critérios simples.
Estabeleça limites:“1h de dedicação, depois paro.”
Reduza o zoom:foque no próximo passo, não no resultado final.
Permita-se recomeçar:se quiser aprimorar depois, ótimo — mas não adie o início.
Pratique:toda vez que pensar “não está bom”, repita —“Quanto já está bom para ser feito já é um passo.”
8. O universo recompensa o feito
As vivências mostram:
Quem entrega atrai oportunidades.
Quem compartilha desperta conexões.
Quem inicia recebe aprendizado.
A imperfeição real produz crescimento real.
O mundo quer o feito, não o ensaio interminável.
9. Quando “bom o suficiente” encontra perfeição consciente
Há momentos de detalhe que importam.Mas, neste caso:
defina quem enxerga?
define propósito?
define prazo?
Se for pontual, ok.
Mas decida — e libere o resto do ciclo para experimentação prática.
10. Você é suficiente — antes de tudo
Adotar “bom o suficiente” é reconhecer:
sua dignidade como pessoa,
seu direito ao erro,
sua permissão para viver a vida,
sua confiança no aprender pelo caminho.
Você não é seu resultado.Você é seu processo — vivido com coragem, gentileza e presença.
11. Para finalizar
Pense num projeto — ou na vida — cheio de pausas, repetições e recomeços.
O que falta não é perfeição.
É começar.
É concluir.
É sentir que algo foi gerado, ainda que sem etiquetas de impecável.
Se a perfeccionista interna vier na saudade das estatísticas, palavras rebuscadas ou padrão ideal, acalme-a:
— “Hoje está feito. Isso é progresso.”
— “Eu fiz. Isso importa.”
Feito é melhor do que perfeito.
E você merece se libertar dessa exigência sem fim.
Para levar consigo
Aceite que feito gera movimento.
Permita-se concluir com leveza.
Honre cada tarefa, ainda que simples.
Reconheça:você está crescendo,se movendo,criando vida —mesmo sem a capa de “perfeição”.
Lembre-se sempre:
“Tanto faz estar perfeito. O que importa é estar feito.”
Com carinho,
Girlande Oliveira
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