Nem toda resposta vem agora: caminhar com gentileza também é coragem
- Girlande Oliveira
- 20 de mai.
- 4 min de leitura
"Você não precisa ter todas as respostas hoje.
Basta ter coragem de continuar caminhando com gentileza por onde a alma pede."
Essa frase chegou até mim como um suspiro.
Como um lembrete sutil, mas firme:
Nem tudo precisa estar claro agora.
E que alívio é saber disso, não é?
Num mundo que exige certezas, metas, decisões, controle…Saber que podemos, sim, dar um passo por vez — mesmo sem saber o destino exato — é quase revolucionário.
Hoje, quero conversar com você sobre esse outro jeito de viver:
um jeito mais presente, mais honesto, mais humano.
O jeito de seguir mesmo sem todas as respostas.
A urgência por entender tudo
Vivemos em uma época em que somos cobradas a saber.
Saber quem somos.
Saber o que queremos.
Saber o que fazer com a dor.
Saber como resolver nossos dilemas internos.
Saber como explicar o que sentimos.
Mas a verdade é que nem tudo se entende de imediato.
Algumas respostas não cabem num raciocínio lógico.
Elas pedem tempo.
Espaço.
Vivência.
Silêncio.
Só que fomos ensinadas a desconfiar do que é lento.
A associar pausa com fracasso.
A ver dúvida como fraqueza.
E isso nos afasta da nossa própria alma.
Nos afasta do corpo.
Do instinto.
Da sabedoria que brota quando a gente para de querer controlar tudo.
O desconforto de não saber
A maioria de nós não lida bem com o vazio das incertezas.Preferimos decisões precipitadas do que suportar a sensação de “não sei ainda”.
Fazemos escolhas que não fazem sentido só para preencher o silêncio.
Nos afogamos em distrações para não escutar o que está aqui dentro, gritando por atenção.
Mas o desconforto do não saber pode ser fértil.
Ele abre espaço para:
escutar com mais profundidade,
questionar velhas certezas,
se reconectar com o que é essencial.
Nem toda resposta vem com pressa.
Algumas só chegam quando a gente para de forçar.
Caminhar com gentileza é um ato de coragem
A cultura do desempenho nos ensinou que coragem é se impor, decidir rápido, agir sempre.Mas existe uma outra coragem: mais sutil, mais serena, mais profunda.
A coragem de:
seguir mesmo sem clareza total.
honrar o tempo das emoções.
esperar pela resposta certa, ao invés de aceitar a primeira disponível.
descansar sem culpa.
dizer “não sei ainda” sem se diminuir.
Essa é a coragem de quem se escuta.
De quem caminha ao lado da alma — e não na frente dela.
A alma não anda apressada
A alma tem um tempo próprio.Ela se move como as estações.Flui como as marés.Sopra como o vento — ora leve, ora forte.
Quando tentamos acelerar a alma, ela se fecha.
Ela precisa de respeito.
De delicadeza.
De espaço para se manifestar.
Muitas vezes, o que parece estagnação é, na verdade, gestação interna.
É o momento em que algo está sendo preparado dentro de você — mesmo que invisível aos olhos.
Como confiar no processo mesmo sem respostas?
Você pode estar se perguntando:
“Mas como continuar se eu não sei o que fazer?”
“Como confiar se estou perdida?”
A resposta é: não espere clareza total para seguir.
Siga com o que você tem agora.
Um passo por vez.
Uma escolha consciente por dia.
Um momento de pausa quando tudo pesar.
Um gesto de cuidado com o que sente.
A clareza não vem antes do caminho.Ela aparece no meio dele.
Permita-se descansar
Se você está cansada de buscar, de entender, de tentar resolver tudo — talvez o que precisa agora seja descansar.
Sem culpa.
Sem cobrança.
Sem justificativa.
Porque há respostas que não aparecem no esforço.
Elas surgem no descanso.
Na pausa.
No dia em que você decide apenas respirar, sem esperar grandes revelações.
A mente grita.
Mas a alma sussurra.
E para ouvir esse sussurro, às vezes é preciso apenas… parar.
O reencontro silencioso
Muitas mulheres que chegam até mim dizem:
“Eu não sei mais quem sou.”
“Parece que me perdi.”
“Não sei o que sinto.”“
Não tenho mais certeza de nada.”
E eu respondo:
Está tudo bem. Isso também é parte do caminho.
Porque, na maioria das vezes, o reencontro com quem somos não acontece com fogos de artifício.
Acontece devagarinho.
Quando você volta a cozinhar algo que ama.
Quando sorri sem planejar.
Quando sente alívio por ter dito não.
Quando escreve no papel tudo que está atravessando — e entende algo ali.
Quando dorme melhor depois de semanas agitadas.
Esse é o seu reencontro.
E ele merece ser celebrado, mesmo em silêncio.
Práticas para os dias de "não sei"
Em momentos de dúvida, desaceleração e silêncio interno, algumas práticas simples podem te ajudar a seguir com mais gentileza:
✦ Respiração consciente
Feche os olhos por alguns minutos.Respire fundo.Sinta o ar entrando e saindo.Permita-se apenas estar ali, consigo.
✦ Escreva sem filtro
Deixe suas emoções escorrerem no papel.Sem se preocupar com coerência.Só escreva.
✦ Pergunte à alma
De forma sincera e íntima, pergunte:
O que estou sentindo agora?
O que preciso ouvir?
Para onde minha alma quer ir?
As respostas podem não vir de imediato. Mas a pergunta abre caminho.
✦ Pratique o não fazer
Desligue um pouco.Fique off.Observe o céu.Beba um chá olhando para o nada.Dê esse descanso ao seu corpo, mente e espírito.
Você está se reencontrando
Mesmo que tudo pareça lento.
Mesmo que você ache que não está evoluindo.
Mesmo que não consiga nomear o que está sentindo.
Saiba:
você está se reencontrando.
Porque só quem se perde começa, de verdade, a buscar o que é essencial.
Só quem se permite sentir encontra o que realmente importa.
Você está mais perto de si do que imagina.
E talvez, a única coisa que precisa agora, seja continuar — com calma, com cuidado, com coragem de estar onde está.
Para levar consigo
Hoje, a energia é um lembrete amoroso:
Você não precisa ter todas as respostas agora.
Você só precisa:
se escutar,
se respeitar,
se cuidar,
e dar o próximo passo com o coração mais leve.
O caminho se revela enquanto se caminha.
A alma floresce na pausa.
E a sabedoria chega — não com pressa, mas com profundidade.
Você não está atrasada.
Não está errada.
Não está perdida.
Você está em processo.
E isso é mais do que suficiente.
Com carinho,
Girlande Oliveira




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