O silêncio que cura: o que está acontecendo dentro de você, mesmo que ninguém veja
- Girlande Oliveira
- 24 de mai.
- 4 min de leitura
“Nem todo silêncio é ausência. Às vezes, é cura em andamento.”
A frase me visitou como um sussurro no meio de um dia comum.
E ficou ecoando em mim com a força que só as verdades silenciosas têm.
Porque a gente aprendeu a valorizar o barulho:
Os movimentos visíveis, os grandes gestos, as palavras certas ditas em voz alta.
Mas existe um outro tipo de transformação — aquela que acontece no silêncio.
Aquela que ninguém vê.
Aquela que só quem sente sabe o quanto custa.
Hoje, escrevo para você (e para mim também) no ritmo dessa cura silenciosa.
E escrevo com o coração ainda mais aberto porque hoje, 24 de maio, é meu aniversário.
E o que mais desejo, nesse novo ciclo, é continuar ouvindo a mim mesma — mesmo quando tudo parece calmo demais por fora.
Quando a calma assusta
Às vezes, a vida desacelera.
Os dias ficam mais vazios.
As emoções se aquietam.
As respostas somem.
E é curioso como isso nos assusta.
“Será que estou estagnada?”“Será que perdi o rumo?”“Por que não sinto mais a mesma urgência?”“Será que estou errando ao não fazer mais?”
A verdade é que fomos ensinadas a desconfiar do silêncio.
A achar que, se não há movimento visível, nada está acontecendo.
Mas o silêncio também trabalha.
Ele limpa.
Ele prepara.
Ele cura.
O que o silêncio está fazendo por você agora
Mesmo que não pareça, há um trabalho profundo sendo feito dentro de você.
Quando você respira fundo antes de reagir.
Quando escolhe não responder com pressa.
Quando permite que o dia passe sem se exigir tanto.
Quando se escuta em vez de se julgar.
Quando se acolhe sem se explicar.
Tudo isso é silêncio.
E tudo isso é cura.
Nem sempre a cura chega com choro, rompimento ou virada de chave.
Às vezes, ela chega como um alívio leve.
Como um corpo que não está mais em guerra.
Como um coração que começa a confiar em si.
Aniversários e pausas internas
Hoje, completo mais um ciclo de vida.
E diferente de outras épocas, não estou buscando grandes promessas, metas ou mudanças drásticas.
Estou honrando as mudanças invisíveis.
Porque sei que cresci — mesmo sem ter feito barulho.
Sei que me transformei — mesmo sem palco.
Sei que estou mais perto de mim — mesmo que ninguém tenha notado.
Aniversários são pausas.
Pausas para reconhecer o que ficou e o que se vai.
Pausas para olhar com gratidão para a mulher que resistiu.
Para a que amou.
Para a que silenciou.
Para a que recomeçou inúmeras vezes — dentro de si.
Nem toda cura precisa ser visível
Você já viveu momentos em que tudo parecia calmo demais?
Como se a vida estivesse em modo espera?
Como se as emoções tivessem tirado férias?
Talvez você esteja vivendo isso agora.
E eu quero te dizer com toda a delicadeza:
Isso também é movimento.
Você está se reconstruindo no silêncio.
Está se reorganizando por dentro.
Está criando espaço para o que virá.
E isso é precioso.
Porque o que é profundo raramente é ruidoso.
A cura não pede pressa, pede escuta
Você não precisa correr para entender tudo.
Não precisa se cobrar sentir algo específico.
Não precisa preencher cada hora do dia com tarefas.
Você pode simplesmente estar.
Respirando.
Sentindo.
Sendo.
Você pode dizer:“Hoje não vou resolver nada.
Só vou ficar aqui, comigo.”E isso já será cura.
Porque a escuta é um tipo de medicina.
E o silêncio, às vezes, é o único idioma que a alma compreende.
Curar em silêncio também é coragem
Tem gente que se cura fazendo.
Tem gente que se cura falando.
Tem gente que se cura quebrando padrões com ações visíveis.
Mas tem gente que se cura silenciando.
Que se recolhe.
Que reza.
Que escreve no diário.
Que chora baixinho.
Que suspira fundo e segue em paz.
Esse tipo de cura não aparece nas redes.
Não ganha curtidas.
Mas transforma tudo por dentro.
O dia em que tudo parece calmo demais
Se hoje você está vivendo esse tempo mais lento…Se tudo parece parado, silencioso, morno…Saiba: isso também tem valor.
Algumas curas não são imediatas.
Elas acontecem em camadas.
Elas exigem que a gente pare de cavar e apenas confie no tempo da terra.
Você está criando raiz.
Está fortalecendo o invisível.
E, em breve, florescerá — não como antes, mas como alguém nova por dentro.
O silêncio como portal de recomeços
Já percebeu como muitas mudanças profundas vêm depois de um período de silêncio?
Depois de dias mais introspectivos.
Depois de noites em que você ficou quieta, pensando, sentindo, escrevendo.
Depois de momentos de solitude, em que você não queria explicações — só queria estar com você.
O silêncio prepara terreno.
Ele limpa o que não serve.
Ele reorganiza o que estava disperso.
E, sem que você perceba, ele abre caminho para o recomeço.
Como honrar sua cura silenciosa
Se você está nesse lugar agora — ou conhece alguém que está — aqui vão formas sutis de honrar esse momento:
✦ 1. Acolha o silêncio
Não tente preenchê-lo com distrações.
Permita-se senti-lo.
Observe o que ele revela.
✦ 2. Escreva sem filtro
A escrita é uma forma de escuta.
Escreva para si.
Sem pressa.
Sem correção.
✦ 3. Diminua o ritmo
Nem tudo precisa ser feito agora.
Escolha menos.
Faça com mais presença.
✦ 4. Celebre pequenas percepções
Percebeu que reagiu diferente a algo que antes te feria?
Isso é cura.
Celebre.
✦ 5. Respeite sua não-vontade
Se você não quer sair, não quer falar, não quer produzir… respeite.
Há sabedoria no não fazer.
Você está se preparando por dentro
O que você sente hoje pode parecer silêncio.
Mas é germinação.
É semente que, no tempo certo, vai romper a terra e florescer.
A vida também é feita desses intervalos.
Dessas pausas que, de fora, parecem vazias — mas de dentro, são intensamente férteis.
E você, querida, está se preparando por dentro para florescer por fora.
No seu tempo.
No seu jeito.
Com sua alma inteira.
Para levar consigo
Nem todo silêncio é ausência.Às vezes, é cura em andamento.
E se hoje o mundo parece calmo demais,
Se sua alma está silenciosa,
Se seu coração pede mais escuta do que decisão…
Confie.
Você está exatamente onde precisa estar.
Você está construindo paz.
Está descansando da guerra interna.
Está se escutando como nunca antes.
E esse é um dos maiores presentes que você pode se dar — especialmente em um novo ciclo de vida:
a coragem de não se apressar.
a liberdade de não se explicar.
e a delicadeza de simplesmente ser.
Com amor,
Girlande Oliveira




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